Caracterização de uma População Portuguesa de Amputados Major: 5 Anos de uma Unidade de Amputados de Medicina Física e de Reabilitação
DOI:
https://doi.org/10.25759/spmfr.487Palavras-chave:
Amputados/reabilitação, Amputação Cirúrgica, Centros de Reabilitação, Membros Artificiais, PortugalResumo
Introdução: O conhecimento da população de amputados é extremamente relevante para o planeamento em saúde, nomeadamente de serviços em reabilitação e atribuição protésica. Em Portugal não existe um conhecimento detalhado dos dados epidemiológicos relacionados com amputação de membros. O nosso objetivo é a caracterização da casuística de 5 anos de uma Unidade de Amputados de Medicina Física e de Reabilitação de um hospital terciário português.Métodos: Todos os registos de 2015-2020 foram revistos. Apenas amputações major foram incluídas. Foi realizada análise descritiva e de subgrupo.
Resultados: Dos 737 pacientes, 620 foram incluídos. Uma percentagem de 69% foram homens, com 55,5±20,5 anos há primeira amputação major. Nível de amputação foi transtibial (TT) em 53%, transfemural (TF) em 43%, com desarticulação da anca, transradial, transumeral e desarticulação do ombro entre 0,2%-1,6%. As causas mais comuns foram vascular (64%) e traumática (18%). Quatro das 5 desarticulações da anca foram causadas por malignidade. D Dos amputados vasculares, 54% eram seguidos na Unidade de Pé Diabético. A taxa de re-amputação major foi 14%, incluindo proximal e contralateral [10% para TF, 16% para TP]. O tempo entre primeira amputação major e re-amputação foi 1,6 ± 2,4 anos. A mortalidade global foi de 24%: 38% das mortes ocorreram no primeiro ano e 76% nos 5 anos. Considerando apenas a causa vascular, a mortalidade subiu para 33% e a re-amputação ao primeiro ano foi 20%. A taxa de atribuição de prótese variou entre 77%-90% para amputados de membro inferior (MI) unilateral e 73% para amputados de membro superior. Amputados de MI bilateral (n=70) foram BiTF, BiTT and TF+TT, com taxas de protetização de 5%, 84% e 63%, respectivamente. Amputações traumáticas tiveram a taxa de protetização mais alta (96%). No total, 78 pacientes não cumpriram critérios para iniciar protetização, alguns dos motivos apontados foram amputação bilateral, alterações do equilíbrio ou do membro contralateral e distúrbios neurológicos.
Conclusão: Descrevemos uma extensa casuística referente a uma população de amputados, seguida na consulta de um dos grandes hospitais universitários portugueses. A caracterização desta série focou-se essencialmente em dados como a causa, nível de amputação e taxas de re-amputação, protetização e mortalidade. Esta amostra, que julgamos muito representativa, pode contribuir para um melhor conhecimento de alguns dados da população de amputados em Portugal, permitindo uma mais racional abordagem do seu processo assistencial e consequentemente a uma melhor qualidade dos cuidados nesta importante área da MFR.
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