Proposta de Protocolo para o Tratamento da Ossificação Heterotópica Neurogénica em Lesão Medular: A Experiência de um Centro de Reabilitação
DOI:
https://doi.org/10.25759/spmfr.506Palavras-chave:
Lesão Medular, Ossificação HeterotópicaResumo
Introdução: A ossificação heterotópica neurogénica (OHN) é uma complicação frequente da lesão medular (LM). A OHN representa um desafio diagnóstico e pode comprometer a funcionalidade do paciente. O nosso objetivo é caracterizar uma série de casos de OHN em pacientes com LM, de um centro de reabilitação, rever a literatura e propor um protocolo para a sua gestão.Métodos: Descrevemos uma série de casos com base em registros médicos. Foi realizada uma revisão da literatura para etiologia, diagnóstico e tratamento de OHM em LM.
Resultados: Um total de 5 pacientes com LM foram incluídos, 3 eram do sexo masculino (idade mediana 48,9 anos). Três foram LM traumáticas, 2 tinham TCE concomitante, todos eram lesões torácicas (T4-T9), 4 eram lesões completas, 3 tinham disreflexia autonómica. O tempo mediano de LM – OHN instalação foi 2,1 meses. Todos apresentaram edema da anca. Subidas da fosfatase alcalina (FA) e da proteína C reactiva (PCR) foram documentadas. Principais passos do protocolo: - Avaliação do cálcio, fósforo, FA, CK e PCR - Pacientes assintomáticos: instituir profilaxia com Indometacina (75 mg/dia, 6 semanas) em LM com menos de 6 semanas, se fatores de risco para OHN estiverem presentes. - Se sintomas sugestivos surgirem: primeiro excluir TVP. Após, realizar raio-x para diagnóstico diferencial e para avaliar calcificações. Repetir análise sanguínea. Realizar cintigrafia óssea para diagnóstico precoce. - OHN confirmada/forte suspeita: iniciar tratamento com bifosfonato, só na ausência de calcificações radiográficas (etidronato 20 mg/kg/dia oral, 6 meses ou alendronato 70 mg/sem, 9 meses). Manter o programa de reabilitação adaptado. - Limitação significativa das amplitudes articulares ou complicações com impacto funcional devem motivar consideração cirúrgica. Após cirurgia, instituir profilaxia de recorrência (pamidronato em esquema)
Conclusão: É proposto um protocolo para gestão atempada e correta do diagnóstico e tratamento da OHN nos pacientes com lesão medular.
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